terça-feira, 20 de maio de 2014

Pirapora do Bom Jesus - São Paulo



Santuário do Bom Jesus - Pirapora do Bom Jesus - SP

Tornando-se município em 1959 após ser emancipada de Santana do Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus se trata de uma cidade turística localizada no interior de São Paulo, recebe em média 600.000 romeiros durante todo o ano, em 1725 foi encontrada a imagem do "Senhor Bom Jesus" esculpido em madeira apoiado em uma pedra nas corredeiras do Rio Tietê, tornando-se padroeiro da cidade desde então. Na semana santa a cidade fica muito movimentada, católicos, peregrinos, romeiros, charreteiros e aventureiros de várias partes do Brasil se reúnem para glorificar a imagem.

À bordo da Encardida (XT660R) e acompanhado dos meus amigos Paulino Silva com sua Teneré 250 e Diego H. Schiavon com a Pretinha (Hornet Preta) e sua co-pilota Tatyane Millan, nos encontramos como de costume no posto Shell da Av.Cillos, enquanto uns chegavam da balada e outros trocavam turno, nós (de jejum) abastecemos e calibramos nossas ferramentas pra degustarmos aquele domingo ensolarado (depois de uns par de dia de chuva) e pegamos a estrada em nome da moto terapia. 

Dentre os mil e um trajetos opcionais pra chegar ao destino, partimos do nosso berço (Americana - SP) por volta das 7:11 horas, passando por Sumaré e dando uma pequena parada em uma dessas padarias/lanchonete em Monte Mor, tomamos um têtê e forramos nosso estômago (Deus lá ia saber que horas íamos comer algo seguro novamente), o trajeto percorrido é bastante convidativo, cercado de muito verde, ar fresco, fazendas e estradas de chão e serra. Fizemos mais uma parada em Indaiatuba pra agregar à nossa gangue mais um amigo, Daniel Gamma (Hornet Cobre) também escoltado com sua co-pilota Janaína.

A caminhada a partir de Itú-SP, já estava bastante movimentada, motos, carroças, ciclistas, cruzes, carros e transeuntes disputavam o mesmo espaço. O passeio começa a ficar interessante no início da cidade de Cabreúva, quando passamos por um pequeno túnel de árvores (nada paradisíaco, mas bem refrescante e bonito), talvez esse fosse o trecho mais movimentado e com trânsito mais lento, mesmo assim me divertia com a criatividade popular e com a imprudência de alguns, uma delas rendeu bastante risadas, pelo menos minhas e da Taty, foi quando uma CG Titan 150 com aqueles turbais desgraçados apodando carros e motos sem nenhum pudor ou respeito (calma, calma, o pior ainda está por vir), ele estava engarupando uma dessas mocinhas, tipo... tipo... é.... sabe... dessas com bastante noção, entende? não?, ela usava mini-saia (rosa choque), tomara que caia (amarelo), tamanco e se achava a última buceta das galáxias a ser transportada por um príncipe encantado de 40 kg montado numa super maquina de duas rodas indo para uma ilha deserta (Uaaao me empolguei). Não, nem pensem que estou subestimando a motocicleta ou criticando a ousadia da moda atual, só quis relatar com detalhes a imprudência e a estupidez do motoqueiro que se estivesse pilotando uma Harley Davidson 1948 (tipo aquela do Wolverine) usando um couro envelhecido e com uma puta loira servida agarrada em seu torso definido e praticando as mesmas ações, é claro que ele também seria uma idiota.

A parada seguinte foi na Gruta de Cabreúva. À beira do maravilhoso, cristalino e aromático Rio Tietê, possui uma Gruta onde pelo menos 70% dos turistas param para tirar fotos uns dos outros, dos seus veículos, fazer selfie e etc, não vale a pena o tempo perdido, pois seu interior parece uma zona aberta, dentro possui uma bonita imagem de Nossa Senhora Aparecida, graças a Deus muito bem fixada e grudada, pois se tivesse pernas sairia correndo durante três dias e três noites devido aos bacanais e consumo de drogas que rolam por ali. Não se pode sequer ajoelhar no chão para orar, a não ser que não se importe de se cortar com cacos de vidro e levantar com uma camisinha grudada em você. O lugar cheira a mijo, as escadas são um regaço e parcialmente sem corrimãos (não estou palpitando por escadas rolantes), no topo, se tem uma vista até que bonita, onde uns apreciam, outros fotografam e alguns bolam aquele baseado (não criticando os maconheiros de plantão, mas se fosse eu fumaria em um lugar mais atraente e propicio), enfim, (na minha opinião) é um péssimo lugar pra levar a vovó.


Gruta de Cabreúva

Depois de várias paradas, fotos, brincadeiras, estradas e quase 5 horas de caminhada (calma, a viagem dura no máximo 2 horas, demorou por que fomos bem as pampas), chegamos na abençoada cidade de Pirapora do Bom Jesus. Essa não foi a primeira, nem a segunda, nem a quinta vez que eu estava pisando ali, então meu impacto visual não foi o pior de todos. O trânsito é bem intenso logo quando chega, é difícil encontrar lugar pra parar, mas durante isso dá pra dar umas risadas observando um bando de cachaceiros tentando se equilibrar. Depois de uma pequena procura paramos em um boteco/estacionamento e fui recebido ao som de metamorfose ambulante (não sei porque, mas logo de cara me simpatizei com o lugar), pensei em ficar por ali mesmo e abrir uma gelada, mas forças maiores me levaram avante.

É só adentrar em solo Piraporano que a decepção começa brotar. A cidade é um lixo, feia, fedida e um caos de gente. Com um baita sol estralando sobre minha cuca (desprovida de cabelos) ao nosso redor só se vê aquelas feirinhas de porcarias, ambulantes e pedintes. As vendas são tão focadas no catolicismo que a mesma banca que vende materiais cristãos também comercializa quadros brilhantes de mulheres semi-nuas e camisas de rock'n roll (adoooro). No alto da cidade com acesso a uma escadaria gigantesca podemos visitar o Museu São Norberto, em seus corredores encontramos fotos antigas da construção da cidade e seus tempos de glória, além de uma coleção de borboletas exóticas e moedas (faz alguns anos que entrei la, não lembro de tudo que vi). A gastronomia da mesma é bastante duvidosa, me lembro que quando ainda pequeno (humm, ops, deixa eu melhorar o texto) ... me lembro que quando ainda criança, comendo e bebendo de tudo que se via por lá voltei cagando e vomitando a cada km, não sei qual foi a desgraça culpada disso tudo, mas desconfio que possa ter sido algum pastel ou aquele frango assado não tão bem assado assim. Não se pode rotular tudo de uma forma tão radical, mas existe restaurantes de todo seguimento por lá, caipira, comida mineira, lanches, porções e afins (eu particularmente, prefiro comer em outro lugar).

Uma das cidades mais visitadas na semana santa, perdendo somente pra Aparecida do Norte, Pirapora do Bom Jesus é muito cultuada por católicos de várias localidades, a principal razão é a disponibilidade para o contato próximo com a imagem do Bom Jesus que se encontra no santuário central. O modo que cada romeiro chega até lá varia de acordo com a possibilidade e a fé de cada um, pode ser de carro, carroça, à cavalo, de bicicleta, a pé, de moto, de ônibus e até carregando cruz (pois é, carregando cruz), se tem uma coisa que não faço é subestimar a fé e a crença alheia, porém, concordar com as mesmas já é outra história, até hoje essa talvez tenha sido a oferta mais banal e corriqueira que já vi em nome Deus. O que me deixa intrigado, talvez um pouco confuso é o modo que a façanha é realizada, vou explicar melhor: Isso se trata de uma penitência relacionada ao pagamento de uma promessa (não estou falando em nenhum momento da dor, da fé, da doença ou de qualquer problema de cada um) a idéia é simular uma ação realizada por Jesus, que foi carregar a cruz (Uao que descoberta que fiz), no entanto não precisamos ser um estudioso da bíblia pra saber que Cristo carregou sua cruz sozinho, chicoteado, cuspido, praticamente nu, agredido, ensanguentado e não é por nada não mas era uma cruz pesada pra karalho em (segundo Google beirava 180 kg), enfim, eu gosto muito, muito mesmo de ver aquelas cruzes bonitas, pintadas, com foto de cicrano, deltrano, fulano, frases de impacto (visual) e com rodinhas (sim, rodas, pneus, objeto circular que gira em torno de um eixo) carregadas entre duas, três ou mais pessoas, exatamente como Jesus fez (Sarcasmo mode on).

Um lugar que gosto muito cuja paisagem enche os olhos de todas as pessoas que passam por lá é o Santuário do Bom Jesus, uma igreja rústica, bonita e acolhedora, com vitrais e toda reformada, sem dúvidas é o principal ponto turístico da cidade. Era mais ou menos 11:00 horas, quando boa parte dos meus companheiros decidiram entrar na igreja, fiquei meio equivocado, não é um lugar que costumo frequentar mas resolvi dar uma passada. Sentamos e esperamos a celebração dar início, a principio deduzi que não ia suportar ficar ali até o final, mas o padre começou um sermão que foi me deixando interessado, entre um tempo e outro músicas muito bem cantadas estavam sendo inseridas, acho que o nome do cantor era Carlinhos, para alguns praticantes e beatos talvez seja uma velha conhecida mas pra mim inédita, uma música me marcou bastante, não sei o nome mas um trecho diz assim: "O mundo te faz chorar, mas Deus te quer sorrindo". Mesmo com medo de eu pegar fogo, fiquei até o final da celebração, realmente ali é um lugar de paz, o pe.Silvio Andrei deu um show de como conduzir uma celebração e deixou todo mundo com a atenção focada e a sensação de que a hora passou muito rápido, bem diferente das missas atuais, que a gente da atenção pra bunda da mulher da frente, fica olhando pro teto, pro relógio, o pensamento voltado pro churrasco mais tarde, e aquela ansiedade de dar linha.

Após o término da missa, não ficamos nem mais 40 minutos naquela espelunca de cidade, foi só o tempo de beber uma latinha e partimos atrás de um rango decente. Paramos na Fazenda do Chocolate por volta dumas 15:00 horas e comemos uma sobra de comida que tinha por lá, até que estava bom, mas acho que devíamos ter pagado meia pela escassez de mistura.

Com a barriga cheia e com o sono tomando conta da mente, entre uma cochilada e outra no guidom (zuera), voltamos pela Rodovia do Açúcar, onde infelizmente vi o único acidente em todo percurso, pra nossa felicidade parecia que não foi tão grave, mas o motoqueiro estava bem ralado.

Como todo passeio que faço, procuro sempre conhecer um pouco mais a fundo sobre a história, cultura ou lendas locais, tento não me limitar apenas àquilo que meus olhos veem ou percepções e julgamentos alheios, independente da minha religião (salada russa) e mesmo não me simpatizando com essa cidade aconselho e indico pra qualquer curioso, católico, beato, aventureiro ou moto-turistas a explorar, pois o conhecer lhe dá o direito de criticar. Nas minhas pequenas passagens que tive em Pirapora, aprendi que a fé de cada um deve ser respeitada mediante às pitorescas ou contraditórias ações em nome Deus ou em nome de qualquer coisa que se acredite.


Coelhinhos do Asfalto - Gruta de Cabreúva