quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Por que as coisas mudam?



Desde que homem é homem ele é perseguido pela necessidade de pensar, esse é o fator primordial pra proliferação de dúvidas e perguntas relacionadas aos múltiplos caminhos e desfechos que a vida tem a oferecer.
Se pararmos apenas alguns minutos e viajarmos em nosso cérebro, com ajuda de algumas ferramentas como audição, visão, olfato, tato e paladar, podemos resgatar lembranças incríveis que por castigo do destino muitas vezes foram supostamente apagadas.
 
Esses dias, em uma dessas minhas viagens mentais comecei a me auto avaliar de como eu era antes e como estou hoje, as mudanças foram notórias, as sequelas também. Me lembro como se fosse hoje, por volta de 96 ou 97 sei lá, pra não dizer que fui isento a única coisa que me preocupava era a escola, ginásio pra alguns ou ensino fundamental pra outros, tinha beijos na boca no verdade e desafio e as estúpidas brincadeiras com compasso, em casa a comida estava na mesa, o videogame prontinho pra ser devorado, mais tarde vinha o vídeo show, vale a pena ver de novo e o futebolzinho sagrado de fim de tarde.
A presença de pessoas especiais era de grande peso no meu dia a dia, pais, primos, amigos, tios e até os cachorrinhos da época que o tempo não poupou. As tardes de domingo eram fantásticas, com direito aos programas de paradão sertanejo, frango e macarronada no almoço, além das velhas visitinhas na casa da vovó que vinham acompanhadas pelas artes realizadas por mim e meus primos. "Era tudo tão perfeito! Se tudo fosse só isso!”.
 
A ignorância era tamanha, mas adorava possuí-la, pois foi a ausência da mesma que me trouxe uma das virtudes mais perigosas que existe, a tal da curiosidade. A necessidade de questionar as coisas abriu uma porta que eu não estava preparado pra entrar, mas foi normal se comparado com o fluxo natural da vida.
 
O fim da adolescência e a chegada da "adultez inexperiente" vieram acompanhadas por coisas temíveis como: trabalho, responsabilidade, ebriedade, maldade, sexualidade, sensibilidade, comunicação, vícios em coisas eletrônicas, religião, rotina e a perda. Já estava quase me acostumando com essa vidinha de rapazinho civilizado ou se preferir alcoólatra de final de semana, rebelde sem causa, filho de papai, enfim, as hipérboles são várias, mas a realidade foi uma só. Sexta-feira, era pra ser mais um dia de bebedeira, mas não foi, fiquei sabendo que meu pai tinha "ido embora", por quê? As coisas estavam tão boas! Eram perguntas em cima de perguntas e respostas sem explicações.
A chegada de falsos amigos, afloração de bons e velhos parceiros de caminhada e a falta do aconchego paterno me acarretaram mil e uma desgraças psicológicas, morais e espirituais. Será que Deus tira as coisas da gente pra nos punir ou pra martirizar quem se foi? Quando eu morrer vou reencontrá-lo ou ficar a ver navios? Sim, tudo passa, exceto o furo da bala, tudo que pude fazer eu fiz, ou seja, guardei as dúvidas.
 
Graças a Deus tudo voltou ao normal, casa nova, negócios em alta, carro novo, time ganhando, vida sexual ativa, diploma, praia, churrasco e velhos amigos escolhidos a dedo, calma, quando as coisas estão muito boas é sinal que algo vai apodrecer.
Era um domingo desses de dor de cabeça e nada como uma nova ressaca pra curar outra ressaca, sustentando nosso vício de truco online pré-churrasco eu e o Gordo tivemos a companhia de uma borboleta junto ao quarto, um terceiro pergunta: Vocês acreditam que quando uma mariposa entra dentro de casa é a morte chegando? Respondi com uma risada agressiva.
A tal da morte não chegou, pelo menos até o próximo domingo quando fui acordado de forma violenta sendo informado que o Gordo também tinha me abandonado.
 
Não, isso não é uma dissertação de respostas nem um desabafo generalizado e muito menos um relato concreto de superstições sobre borboletas. Trata-se apenas de uma breve explicação do primeiro parágrafo. O ato de pensar é necessário, pensar demais causa problemas mentais e geram dúvidas, dúvidas geram incertezas, incertezas geram ansiedade seguidas de insônia ai vocês já sabem no que dá. Declare guerra aos seus pensamentos, desfrute dele de uma forma saudável, mas não vire escravo do mesmo. Não faça como eu, não queira entender as coisas da natureza, perguntas demais têm respostas abstratas. Porque as coisas mudam?